terça-feira, 12 de agosto de 2014

SEMPRE ÀS TERÇAS Hoje é terça, 12 de agosto de 2014


 

PODE-SE EXPULSAR ALUNOS DA ESCOLA?

             O Conselho Estadual de Educação(RS) estuda determinar que nenhum aluno possa ser suspenso ou expulso. Muito justa preocupação! Mas é preciso lembrar ao Conselho duas questões que a força dos gabinetes faz esquecer.

            A primeira é que a expulsão é coisa corriqueira e afeta os pobres. Dos alunos que iniciam o ensino fundamental uma grande parte não o conclui. Os que o concluem em 8 anos (9 agora), como deveria ser, são uma pequena parcela.

Há várias causas para isto, mas uma delas, a que os conselhos de educação poderiam exterminar, é o de basear o ensino no livro didático, com um conteúdo extremamente formal e quase todo sem sentido para a idade destas crianças e destes adolescentes. Todos sabem que a maior parte deste conteúdo nada acrescenta, que o mundo mudou e que outras são as exigências, mas a tradição é mais forte; depois de 250 anos, parece que sempre foi assim. Os próprios conselhos sabem disto: escrevem lindos pareceres propondo diretrizes, falando em interdisciplinaridade, em conteúdos transversais, em integração disto e daquilo, mas sabem – espero que saibam, para não perder a esperança! – que isto tudo é apenas conversa, pois não há possibilidade de as escolas, afogadas em “passar” conteúdo e em pilotar livros didáticos, fazerem diferente. Até a UNESCO, um organismo sério e até conservador, abre mão desta desastrada tradição e propõe que a escola ajude as crianças a quatro aprendizagens: aprendam a aprender, a ser, a fazer e a conviver. Se os conselhos operacionalizassem isto, junto com as escolas, teríamos colégios que raramente teriam que pensar na possibilidade de expulsar alguém: alunos se educando, buscando sua identidade e construindo instrumentos para participar na sociedade seriam felizes e muito mais tranquilos.

            A segunda é que conselhos sabem, se estiveram seus membros algum dia na escola, que escolas são instituições desbaratadas: entidades superiores, como os conselhos, se imiscuíram tanto em seus processos que os professores se infantilizaram e, agora, esperam as soluções do alto, mas não as aceitam quando chegam porque são intromissões. Já houve até quem proibisse o telefone na escola, sem deixar que tal decisão fosse tomada no conjunto das pessoas da escola. Queremos educadores que não pensem, que não saibam tomar uma decisão útil?

            Conselhos: parem de atormentar as escolas, proíbam que secretários de educação o façam! Estimulem as escolas, mostrem-lhes horizontes novos; interpretem, para os professores, as ideias dos que pensam a sociedade e a civilização e, em consequência, a escola – eles, na lida insana do dia a dia não têm tempo. Deixem que as escolas resolvam seus problemas para que, maduras e tranquilas, possam executar esta missão imprescindível de ajudar as multidões a crescerem e a adquirirem as ferramentas de que precisam para construir uma sociedade digna, justa e solidária.

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