PODE-SE EXPULSAR ALUNOS DA ESCOLA?
A primeira é que a expulsão é coisa
corriqueira e afeta os pobres. Dos alunos que iniciam o ensino fundamental uma
grande parte não o conclui. Os que o concluem em 8 anos (9 agora), como deveria
ser, são uma pequena parcela.
Há várias causas para isto, mas uma delas, a que os
conselhos de educação poderiam exterminar, é o de basear o ensino no livro
didático, com um conteúdo extremamente formal e quase todo sem sentido para a
idade destas crianças e destes adolescentes. Todos sabem que a maior parte
deste conteúdo nada acrescenta, que o mundo mudou e que outras são as
exigências, mas a tradição é mais forte; depois de 250 anos, parece que sempre
foi assim. Os próprios conselhos sabem disto: escrevem lindos pareceres
propondo diretrizes, falando em interdisciplinaridade, em conteúdos
transversais, em integração disto e daquilo, mas sabem – espero que saibam,
para não perder a esperança! – que isto tudo é apenas conversa, pois não há
possibilidade de as escolas, afogadas em “passar” conteúdo e em pilotar livros
didáticos, fazerem diferente. Até a UNESCO, um organismo sério e até
conservador, abre mão desta desastrada tradição e propõe que a escola ajude as
crianças a quatro aprendizagens: aprendam a aprender, a ser, a fazer e a
conviver. Se os conselhos operacionalizassem isto, junto com as escolas,
teríamos colégios que raramente teriam que pensar na possibilidade de expulsar
alguém: alunos se educando, buscando sua identidade e construindo instrumentos
para participar na sociedade seriam felizes e muito mais tranquilos.
A segunda é que conselhos sabem, se
estiveram seus membros algum dia na escola, que escolas são instituições
desbaratadas: entidades superiores, como os conselhos, se imiscuíram tanto em
seus processos que os professores se infantilizaram e, agora, esperam as
soluções do alto, mas não as aceitam quando chegam porque são intromissões. Já
houve até quem proibisse o telefone na escola, sem deixar que tal decisão fosse
tomada no conjunto das pessoas da escola. Queremos educadores que não pensem,
que não saibam tomar uma decisão útil?
Conselhos: parem de atormentar as
escolas, proíbam que secretários de educação o façam! Estimulem as escolas,
mostrem-lhes horizontes novos; interpretem, para os professores, as ideias dos
que pensam a sociedade e a civilização e, em consequência, a escola – eles, na
lida insana do dia a dia não têm tempo. Deixem que as escolas resolvam seus
problemas para que, maduras e tranquilas, possam executar esta missão
imprescindível de ajudar as multidões a crescerem e a adquirirem as ferramentas
de que precisam para construir uma sociedade digna, justa e solidária.
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